Botânica é um trabalho de arte sonora para jardins. Participantes do público, juntamente com guia, usam fones de ouvido e levam uma pasta de ombro tecnologizada para explorar uma composição sonora imersiva sobreposta na paisagem. Os sons escutados são em grande parte confeccionados da natureza e envolvem gravações de áudio do cerrado do centro-oeste brasileiro. Enquanto os participantes percorrem o jardim, seus movimentos são acompanhados por GPS de alta resolução (Real-Time Kinematic/RTK), permitindo-lhes ouvir uma variedade de sons mapeados com precisão a diferentes locais.
As paisagens sonoras encontradas no caminho são tridimensionais e um aparelho de head-tracking nos fones de ouvido facilita uma imersão interativa responsiva aos movimentos mais finos do ouvinte. Os sons podem ser fixos no espaço, agindo como balizas, ou podem seguir sua própria trajetória através do jardim. Os fones de ouvido são de um tipo aberto, permitindo que os sons naturais do ambiente se misturem com os da sobreposição.
Botânica é apresentado como uma fantasia sonora inspirada pela paisagem, a biosfera e os elementos, e devolvido ao ambiente de forma a ser explorado em um cenário específico: o jardim, outra fantasia de e para a natureza. É uma composição sonora organizada no espaço em vez do tempo e, como tal, interage diretamente com o meio ambiente e com a presença humana.
Desde o início dos anos 90, Iain Mott tem se envolvido no mapeamento espacial do som em vários contextos. Seu trabalho de 1998, Sound Mapping, feito com o engenheiro Jim Sosnin e o designer Marc Raszewski, é particularmente relevante para o projeto atual. Entre as primeiras obras de arte a utilizar GPS, Sound Mapping recebeu Menção Honrosa no Prix Ars Electronica em Linz, Áustria. Botânica é resultado de sua pesquisa no campo de ambisonics (uma forma de surround sound desenvolvida no Reino Unido na década de 1970) e especificamente do projeto Cerrado Ambisônica, que envolve o uso de gravações de campo ambisônicas do cerrado em contextos teatrais e instalações. Seu software de código aberto, Mosca (uma classe de extensão ambisônica para a linguagem de música SuperCollider), foi criado nesta pesquisa e forma a base técnica de Botânica.